HORA Bistro

Funcionava ali um buffet com tradição na hora do almoço. Uma praceta agradável, paradoxalmente rodeada de habitação modesta, de varandas ornamentadas pelos hábitos prosaicos dos locais, partilhados pelo Chef Miguel Reis. Paisagem de hábitos não suficiente ao espírito inquieto e à aspiração de quem ama a mesa – acolher, servir e deleitar.

Encontrámos dois espaços comerciais incaraterísticos, higienizados de branco, de planta retangular. Assim, animados por meia dúzia de motivos bucólicos.  Apenas uma extensão diagonal escondia os sanitários. Vazio, desprovido de intenção, é a imagem que retenho.

Não havia orçamento para adjetivos, senão o único possível, digno. A dignidade é a qualidade do que é honesto, apropriado e nobre.

Fazer de novo com a expressão das memórias. Como na comida, o sabor intenso das coisas simples. Um sabor da cada vez. A tradição inovada.

A expressão duma argamassa, sem mais, seria suficientemente autêntica. Pavimento, parede e tetos abobados, como um refeitório conventual, seriam uma mesma superfície executada com a expressão plástica da pasta cimentícia, estruturada sobre treliças de madeira de pinho seco. As mesas são tabuadas de pinho, como sempre foram as tabernas. Espessas, firmes, duras, eternas mas de toque suave. Os pés das mesas em finos perfis negros de aço, fundem-se com os igualmente perfis das cadeiras negras.

Renovação do restaurante do Chefe Miguel Reis na Trofa, Porto 

Projeto: NOARQ – José Carlos Nunes de Oliveira 

Fotografia:  Arménio Teixeira

Materiais Usados: TON – chairs – Ironica Collection

2021-06-23